segunda-feira, 14 de junho de 2010

Cá estou, numa wire less jurássica, idade da pedra lascada, sem polimento algum nem qualquer pressa, desafiando a impaciência. o que me leva a refletir: será que ainda nos desacostumaremos um dia da velocidade, cada vez mais indispensável, pelo menos à comunicação de produções, indagações, reflexões, se é que tudo isto não é pretexto pra acelerar?

Nivaldete: seu texto me faz lembrar um poema já antigo, em que uma minha personagem-autora ruminava, e do qual transcrevo duas estrofes, em homenagem aos parceiros desta companhia:
E viva afinal esta saga dos poetas

que as horas sem emprego têm por suas.

Gente de bordo – filósofos com canetas -

perambulando em labirintos de ruas.
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Pois dizem ser assim a vida – um mal sem cura,

que se recomenda aturar com apatia.

Seja lá como for, salve a literatura,

em quem sempre se pode achar companhia.

Interessantes estas suas observações, Jozias, como aliás tudo o que você escreve. Rubem Fonseca não foi meu caminho, as leituras são assim, fazem-se conforme escolhas que afinal nem são livres, nem tampouco arbitrárias. Leituras são (como tudo) labirintos, quando não caleidoscópios, através dos quais nos perdemos, quando mais supúnhamos que nos achávamos. 

O  que agora leio: além dos mergulhos proustianos, em linhas revoluteantes, e as associações filosóficas/sociológicas/psicanalíticas do Zizek, passeei por linhas fáceis de um livro gracioso, primorosamente editado pela designer Ana Luisa Escorel: O Pai, a Mãe e a Filha. Memórias duma paulista, nascida em 1944, filha do mestre Antônio Cândido. Evocações sugestivas, intercaladas pelos sinais duma menina que sabia ser cruel.

Podia transcrever algum trecho das precisas e incisivas observações proustianas, mas neste notebook, em wireless, faz mais sentido trazer um trecho da entrevista que o inglês John Berger deu a O Globo, sobre as questões políticas atuais, mais especificamente, sobre a nova ordem econômica mundial:

Você pode chamar de neoliberalismo, globalização, o mundo das forças de mercado, ou como eu chamo, num pequeno panfleto, um mundo sob a tirania de um fascismo econômico.


 


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