domingo, 13 de junho de 2010

...chegando...

Obrigado pelo convite, um blog que se propõe a ser um espaço para discussão é sempre bem-vindo!
O que estou lendo: Feliz Ano Novo, do Rubem Fonseca. Na verdade, uma releitura.
Os últimos livros do autor me deixaram decepcionado, comentei no meu blog os erros e a fraqueza do texto de O Seminarista; e me veio uma dúvida: será que mudou R.F. ou mudei eu? será que o escritor do texto vigoroso e das tramas bem resolvidas foi perdendo a força (afinal, 85 anos) ou será que os tais livros que na minha memória são maravilhosos na verdade não são tão bons assim?
A tarefa que me impus foi reler todo o R.F., em ordem cronológica. Já reli os livros de contos Os prisioneiros (1963), A coleira do cão (1965) e Lúcia McCartney (1967), o romance O caso Morel (1973) e, hoje, o primeiro conto de Feliz Ano Novo (1975), justamente o conto que dá título ao livro e que certamente foi o caso da proibição do livro em tempo de censura na ditadura militar.
Minha conclusão? simples: são bons mesmo, demais, crescem com a releitura. Os contos apresentam alguns caminhos que não foram depois desenvolvidos pelo autor (por exemplo, invenções formais, em especial nos contos de Lucia McCartney), mas em sua maioria já apontam para o que depois se identificou como "a marca R.F.", principalmente após os livros dos anos 1980.
Feliz Ano Novo, o conto, então, é uma porrada. Premonição da violência que iria tomar conta, pela impunidade, do Rio e demais cidades do Brasil, uma violência depois exacerbada pelas drogas pesadas, pelo crime organizado, pelo crack. Escrito em 1975, portanto ainda muito antes do governo Brizola no Rio iniciar a política de convivência/incentivo à ocupação das favelas pelo crime organizado. Mostra uma violência gratuita, absurda, extrema, e que, naquela época deve ter parecido muito longe de nós, quem diria.
Enfim, continuo minha tarefa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário